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POESIA CONCRETO

Um projeto público de Verena Smit com curadoria de Fernando Mota.

Centro Histórico de São Paulo: Biblioteca

Mário de Andrade, Praça Dom José Gaspar
Galeria Prestes Maia, Vale do Anhangabaú

Novembro 2022 - Março 2023.

Poesia concreta foi uma vanguarda artística e literária das décadas de 1950 e 1960 no Brasil, a qual abraçava a ideia de liberdade e experimentação dentro da linguagem escrita e visual, explorando outros modos não convencionais de formatação e expressão. Artistas e escritores desenvolveram material de alta qualidade na época, uma intersecção entre dois campos das artes, resultando em um dos movimentos mais consagrados e inovadores da cultura brasileira no século XX.

 

Para o projeto Poesia Concreto, Verena Smit faz uma referência e uma homenagem a esse legado, levando seu já conhecido trabalho com palavras para um novo patamar. A artista obteve reconhecimento nos últimos anos pelos trocadilhos criativos e uso de expressões notórias nas línguas portuguesa e inglesa, produzindo um trabalho original tanto na forma quanto no conteúdo. Dessa vez, Verena troca as imagens de suas obras amplamente compartilhadas nas redes sociais por outro suporte: a cidade. Deixando de lado as minúsculas telas dos telefones e levando as mensagens para um público mais amplo e diversificado, através de obras não apenas contemplativas mas muitas também de natureza participativa, a artista usa diversos formatos para investigar a potência das palavras e proporcionar espaços de reflexão e troca.


Poesia Concreto foi idealizado para o Centro Histórico de São Paulo. São oito obras
em lugares públicos estabelecendo um percurso artístico no centro da cidade, formado por instalações e intervenções em múltiplos suportes ao longo de um circuito que abrange a Biblioteca Mário de Andrade, a Praça Dom José Gaspar, o Vale do Anhangabaú e a Galeria Prestes Maia. O projeto visa incentivar as pessoas a se relacionarem mais intimamente com os espaços públicos da cidade, em especial aproximá-las do centro e promover um maior cuidado com nosso patrimônio, convidando passantes das ruas paulistanas para ativar as obras em alguns momentos, e refletir sobre elas em outros. A artista coloca seu trabalho como uma via aberta para diálogos, na qual prevalece a troca de informações e uma proposta para rever a metrópole com novos olhos.

[Texto de apoio]

Algumas ações têm caráter mais efêmero, como a obra sonora “Não sonha”, que se apropria de um elemento popular da cultura urbana brasileira, reproduzindo nos alto falantes de um carro de som um texto da artista que faz referência aos conhecidos carros de pamonha - o carro circula pelas ruas do percurso do projeto por algumas horas em dias pré-determinados. Na mesma toada nostálgica e sonora em diálogo com a memória da cidade, a obra “Ouvidoria” apresenta um telefone público - o famoso “orelhão” - no Vale do Anhangabaú, onde o visitante pode gravar mensagens sobre a cidade ou qualquer outro tema de interesse público ou pessoal, colocando assim, a arte como um canal de comunicação direta entre as pessoas e a urbe. A Galeria Prestes Maia abrange duas intervenções no percurso que liga a Praça do Patriarca à base do Viaduto do Chá: "Tempo perdido” é composto por letras de latão que formam a frase em sentido circular, cada letra ocupando o espaço que seria de um número no relógio de ponteiros tombado na escadaria da galeria. Na saída para o Vale do Anhangabaú esta a obra ”Precisamos fugir”, uma lenticular na qual a frase se altera conforme as pessoas se aproximam, o verbo fugir se torna agir - “precisamos agir”. No relógio de rua próximo à Praça Dom José Gaspar, entre as propagandas, a temperatura e o horário local, surge a frase “Mentirosos são aqueles que medem o tempo”, um trabalho disfarçado usando a mesma linguagem e espaço público destinado à publicidade. O epicentro do projeto é a Biblioteca Mário de Andrade, aonde estão posicionados três trabalhos: no terraço superior encontra-se o "Mirador binocular”, objeto comum encontrado em lugares turísticos para observar a vista, neste caso contendo uma frase da artista subvertendo e ironizando o conceito original da peça. A segunda obra está na fachada do edifício, em frente à Avenida São Luís, uma bandeira suspensa com a frase "Sobreviver nunca foi sobre viver”, enquanto na outra entrada, no jardim em frente à Rua da Consolação, o enorme neon "A felicidade é para todos (?)” provoca o espectador ao afirmar e questionar ao mesmo tempo - conforme o ponto de interrogação pisca no final da frase - algo tido como uma verdade absoluta e universal; em ambos os trabalhos a artista fricciona a semântica e a gramática da língua portuguesa para sugerir ao público uma reinterpretação sobre ideais pré-concebidos, alçando a dúvida ao mesmo plano da certeza.

[Obras]

"Não sonha”
Não sonha, não sonha, não sonha
Olha aí, olha aí a demagogia
Sao as fantasiosas pamonhas
Pamonhas religiosas
Pamonhas guerreiras
É o puro gatilho
É imparcial essa pamonha
Vambora minha senhora
Tenha paciência, mas...
Não sonha, não sonha, não sonha
carro de pamonha em roteiro circular
dentro do percurso das obras


"Ouvidoria"
orelhão
Vale do Anhangabaú
(próximo ao mirante)


"Precisamos fugir"
lenticular
Galeria Prestes Maia
(saída embaixo Viaduto do Chá)

"Tempo perdido"
relógio
Escadaria da Galeria Prestes Maia


"Mentirosos são aqueles que medem o tempo"
relógio
Praça Dom José Gaspar


"Mirador binocular"
Terraço superior
da Biblioteca Mário de Andrade


"Sobreviver nunca foi sobre viver"
bandeira
Fachada da Biblioteca Mário de Andrade
Av. São Luis, 235


"A felicidade é para todos (?)"
neon
Jardim da Biblioteca Mário de Andrade
Rua da Consolação, 94

"POESIA CONCRETO"

Galeria luciana brito, são paulo, 2022

fotos [photos]: Fernando Mota

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