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FAUNA, FLORA E PRIMAVERA

Com Analivia Cordeiro, Bianca Turner e Selva de Carvalho
Participação especial de Bob Wolfenson e Neo Muyanga


Luciana Brito Galeria, São Paulo, 2022

“Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade. Enquanto isso - enquanto seu lobo não vem -, fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade.”

Ailton Krenak - Ideias para adiar o fim do mundo

“Há mãos e aranhas, a diferença esta apenas no modo como acariciam...”

Lygia Fagundes Telles - Ciranda de Pedra

Historias são contadas há milênios das mais variadas maneiras - escrita, oral, performática e tantas outras. Da mesma forma, historias são recontadas, reinventadas e reinterpretadas com o passar do tempo. Assim, quando dizemos “a historia disso e daquilo”, ou “a historia é sobre...”, estamos escolhendo uma entre tantas versões possíveis. Partindo desse pensamento, a exposição Fauna, Flora e Primavera apresenta uma nova leitura da historia do corpo, da natureza e das relações entre eles a partir dos movimentos confluentes de ambos.


O trabalho de Analivia Cordeiro há décadas investiga as possibilidades da linguagem corporal, através de obras em diversos formatos, como video, performance, fotografia, e tantos outros. Para a exposição foram selecionadas em conjunto com a artista obras de diferentes momentos de sua trajetória, passando por trabalhos históricos como M3x3 - o primeiro trabalho em videoarte/dança da historia da arte brasileira (1973) - e Slow Billie Scan (1987) que foi revolucionário para a época em sua experimentação com o corpo e a tecnologia, até trabalhos mais recentes, como Re-construct (2020) realizado durante a pandemia do Covid-19, e o inédito Small Talk (2022), em parceria com a artista e dançarina Gissauro. No contexto da exposição, M3x3 é apresentado em seu formato original (quadrado) em uma antiga televisão de tubo no centro do salão principal da casa modernista, nos levando nostalgicamente a um passado premonitório: os corpos dos dançarinos em movimento fundidos na rigidez da matriz 3x3 do cenário computadorizado, ambos em preto e branco, apontam para um mundo reduzido sem nuances, sem o meio, um conflito entre liberdade e programação, o orgânico versus o artificial, o dilema do corpo coexistindo com a máquina. Slow Billie Scan traz à tona o novo mundo da comunicação na era digital, os efeitos e os desdobramentos possíveis com as novas tecnologias: o video mostra uma transmissão de arte feita através de um slow-scan entre o Museu da Imagem e do Som de São Paulo e a Carnegie Mellon University, em Pittsburgh, no qual a morfologia dos corpos na tela se desfaz conforme a lenta transmissão do arquivo, enquanto novos corpos mutantes se formam em decorrência do processo. Re-construct é uma serie de colagens de sementes naturais em papéis coloridos, formando desenhos geométricos que aludem ao concretismo brasileiro e ao movimento de recomposição da natureza.

 

A segunda parte do trabalho é um video com os mesmos elementos, no qual as sementes se movimentam nos papéis pela ação do sopro, enfatizando ao mesmo tempo a fragilidade da vida e a disciplina natural e instintiva do corpo. Homo Habilis II (2006) tem a mesma estrutura de pensamento, parte de desenho e colagem feitos
em quatro mãos com o filho Thomas quando ele tinha doze anos, para em seguida finalizarem em um curto video que apresenta o eterno conflito humano entre guerra e paz, enquanto a natureza participa como testemunha. Small Talk funciona como uma anedota do plano principal da mostra, tanto em seu formato despretensioso, quanto em sua apresentação leve e bem humorada: dois corpos vestidos de cinza dançam livremente numa pequena tela de tablet, ao lado de pequenas fotografias do video. O detalhe é que as meias são coloridas, simbolizando a necessidade de autonomia dos nossos pés, dos percursos que escolhemos trilhar. Completam a participação de Analivia Cordeiro na exposição uma série de fotografias tiradas por ela mesma em 1975 no ritual Kwarup, da tribo Kamaiurá, no Alto Xingu, impressas em folhas secas dentro de cilindros suspensos pelo teto no pavilhão da galeria - são imagens de pessoas em movimento no dia a dia, um viés antropológico dentro da pesquisa da artista. Ainda com destaque na mostra selecionamos um conjunto de fotografias do corpo de Analivia em diferentes períodos de sua vida, registradas pelo fotografo Bob Wolfenson ao longo dos anos em encontros em seu estúdio; essas sessões fotográficas entre os artistas e amigos de longa data foram livres e experimentais, contemplando a mudança natural, a vivacidade e a flexibilidade do corpo humano.


A artista bianca turner esta presente na mostra com três trabalhos. O video Encobrimento, localizado na adega da casa, em seu subsolo, narra um mito babilônico de Pherecydes de Syros sobre a cerimônia de casamento entre Céu e Terra, sobrepondo cartografias do período da colonização portuguesa em terras ameríndias, no qual o processo de territorialização é percebido como um principio e uma ação vinculada ao patriarcado, e a apropriação da Terra relacionada à dominação masculina sobre o corpo da mulher, silenciando sua natureza original e renomeando sua superfície através de imposições. A mesma pesquisa cartográfica resultou no trabalho ecos, realizado em parceria com o artista sul-africano Neo Muyanga, uma instalação audiovisual inédita que conclui a exposição no final do pavilhão da galeria (para esse trabalho escrevi um texto separado, disponível próximo à obra). Ainda no pavilhão, a obra Palingenesia - palavra que vem do grego palin (muitas) e gênesis (nascimento) - alude à ideia de reencarnação; composta por um carrossel de slides vazios que projetam apenas luz na parede em um ritmo continuo, simultâneo a uma segunda projeção que sobrepõe a moldura iluminada com a imagem de um coração humano pulsando, o qual pode ser visto nas transições de um slide para outro. O som amplificado dos batimentos cardíacos reforça a força da natureza dentro de nossos corpos.


Selva de Carvalho é a terceira “fada” dessa história... todos os trabalhos da artista são inéditos, incluindo a instalação Lacraia é fogo, que remete aos ciclos da vida, pensada especialmente para o jardim de Burle Marx ao centro da galeria, na qual a lacraia feita de tecido e cerâmica perpassa por plantas e pelo teto ao longo do espaço, num dialogo direto com a arquitetura e a natureza do local. No salão de entrada vemos Medula de Medusa, uma sequencia de esculturas em tecido com desenhos e bordados, atravessadas por um filamento de madeira em suspensão, fixado no teto, formando uma instalação de corpos flutuantes. A “medula espinhal” simboliza a resistência, as adaptações e metamorfoses dos corpos na natureza. No jardim dos fundos, entre a casa e o pavilhão, um outro conjunto de esculturas da artista permeia o solo: Éramos palmeira é formado por seis corpos de folhas de palmeiras e tecidos de algodão fincados diretamente na terra, uma instalação que contrapõe Medula de Medusa em sua apresentação não linear e fixação terrestre. Por ultimo a obra Corpo Chora Coral, um coral feito em tecido com papeis, bordados e desenhos, na parede oposta ao “coração luminoso” de bianca turner, estabelecendo um dialogo entre o órgão vital e o organismo essencial para a vida marinha.

O titulo da mostra remete às fadas do conto A Bela Adormecida, o qual obteve diversas versões ao longo dos séculos: a historia original de 1634, intitulada Sol, Lua e Talia, de Giambattista Basile, foi a base para a versão clássica de Charles Perrault, de 1697, na qual existem sete fadas e o final não é exatamente o que contamos hoje, há uma segunda parte após o casamento real; na renomada versão dos Irmãos Grimm, de 1812, são doze fadas e o final é encurtado; a adaptação de Tchaikovsky para o balé, em 1890, transfere o nome da filha da princesa para ela própria, que até então não era nomeada; a versão cinematográfica da Disney, de 1959, mantem a princesa como Aurora e reduz o numero de fadas a três, agora chamadas Flora, Fauna e Primavera (ou em inglês “Merryweather”, que significa uma pessoa com personalidade alegre, energia e disposição). Nessa ultima, possivelmente a mais conhecida atualmente, as três fadas madrinhas presenteiam a princesa no dia do batizado e depois sao as responsáveis por acompanha-la, educa-la e protege-la ao longo da infância e da adolescência. Vejamos então de forma literal como fica essa sentença: Flora, Fauna e Primavera são as protetoras da Aurora. Interpretemos juntos agora, para alem do contexto do conto infantil, usando o sentido cientifico das palavras que aprendemos nas aulas de biologia: Flora (o conjunto e a diversidade de plantas de uma região), Fauna (o conjunto e a diversidade de animais de uma região) e Primavera (estação do ano que segue o inverno e precede o verão, do latim primo vere = primeiro verão, responsável por alterar o comportamento de plantas e animais devido à mudança climática favorável à floração e à reprodução), são as protetoras da Aurora (nascer do sol, raiar do dia). Finalizando a analogia entre ciência e literatura: as fadas não são apenas responsáveis por uma única pessoa, elas se tornam as protetoras também do amanhã. Porem, quem há de proteger as fadas?


Se um simples conto passou por tantas transformações com os anos, porque não podemos também modificar a narrativa das nossas próprias historias como “Terrumanidade”? Quais os movimentos que devemos fazer como corpos singulares e coletivos para prosperar como um corpo só, sadio e sustentável? O filósofo Félix Guattari, em seu ensaio As três ecologias (1989), diz que “Decorrerá uma recomposição das praticas sociais e individuais que agrupo segundo três rubricas complementares - a ecologia social, a ecologia mental e a ecologia ambiental - sob a égide ético-estética de uma ecosofia.” - resumindo de forma simplória e largamente rasa o pensamento do intelectual francês, podemos dizer que são necessárias mudanças de comportamento social e de pensamento humano
para reavaliarmos questões ambientais e avançarmos de forma mais equilibrada como sociedade no século 21, ou seja, as relações que estabelecemos com a natureza passam impreterivelmente pelas relações que desenvolvemos como seres humanos: a busca por uma vivencia em harmonia com o meio ambiente esta diretamente vinculada à estrutura sócio-econômica e cultural contemporânea que se deteriora a cada instante. Não há fada madrinha que possa nos dar um final feliz se não redirecionarmos a nossa historia. Éramos uma vez, e esperançosamente, seremos ainda outra vez.

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FAUNA, FLORA AND SPRING

Analivia Cordeiro, Bianca Turner and Selva de Carvalho

Special appearance by Bob Wolfenson and Neo Muyanga

Curated by Fernando Mota

Luciana Brito Galeria, São Paulo, 24.09.2022 - 15.10.2022

 

“We were, for a long time, packaged with the story that we are humanity. In the meantime – while your wolf is not coming –, we have been alienating ourselves from this organism that we are part of, the Earth, and we have come to think that it is one thing and we, another: the Earth and humanity.”

Ailton Krenak 

Ideias para adiar o fim do mundo [Ideas to postpone the end of the world]

“There are hands and spiders, the only difference is in the way they caress…”

Lygia Fagundes Telles 

Ciranda de Pedra [Stone circle]

 

Stories have been told for millennia in the most varied ways – written, oral, performative and many others. In the same way, stories are retold, reinvented and reinterpreted over time. Thus, when we say “the story of this and that”, or “the story is about…”, we are choosing one among many possible versions. Based on this thought, the exhibition Fauna, Flora e Primavera [Fauna, Flora and Spring] presents a new reading of the history of the body, nature and the relationships between them, based on their confluent movements.

 

Analivia Cordeiro's work has been investigating the possibilities of body language for decades, through works in different formats, such as video, performance, photography, and many others. Works from different moments of her career were selected for the exhibition, including historical works such as M3x3 – the first work in video art/dance in the history of Brazilian art (1973) – and Slow Billie Scan (1987), which was revolutionary for its time in its experimentation with the body and technology, to more recent works, such as Re-construct (2020) made during the Covid-19 pandemic, and the never before seen Small Talk (2022), in partnership with the artist and dancer Gissauro. In the context of the exhibition, M3x3 is presented in its original format (square) on an old tube television in the center of the main hall of the modernist house, nostalgically taking us to a premonitory past: the dancers' bodies in motion fused in the rigidity of the 3x3 matrix of the computerized scenario, both in black and white, point to a reduced world without nuances, without the medium, a conflict between freedom and programming, the organic versus the artificial, the dilemma of the body coexisting with the machine. Slow Billie Scan brings to light the new world of communication in the digital age, the effects and consequences possible with new technologies: the video shows an art transmission made through a slow-scan between the Museu da Imagem e do Som de São Paulo (Brazil) and Carnegie Mellon University, in Pittsburgh (USA), in which the morphology of the bodies on the screen dissolves according to the slow transmission of the file, while new mutant bodies are formed as a result of the process. Re-construct is a series of collages of natural seeds on colored paper, forming geometric designs that allude to Brazilian concretism and recomposition movements in nature. The second part of the work is a video with the same elements, in which the seeds move on the papers through the action of the breath, simultaneously emphasizing the fragility of life and the natural and instinctive discipline of the body. Homo Habilis II (2006) follows the same structure of thought, part drawing and collage made together with the artist's son Thomas when he was twelve years old, to then finish in a short video that presents the eternal human conflict between war and peace, while nature takes part as a witness. Small Talk works as an anecdote of the show's main plan, both in its unpretentious format and in its light and humorous presentation: two bodies dressed in gray dance freely on a small tablet screen, alongside small photographs from the video. The detail is that the socks are colored, symbolizing our feet's need for autonomy in the paths we choose to walk. Analivia Cordeiro's participation in the exhibition is completed by a series of photographs she took in 1975 during the Kwarup ritual, of the Kamaiurá tribe, in the Alto Xingu, printed on dry leaves inside cylinders suspended from the ceiling in the gallery pavilion – they are images of people in movement in everyday life, an anthropological aspect of the artist's research. Also highlighted in the exhibition, we selected a set of photographs of Analivia's body in different periods of her life, recorded by photographer Bob Wolfenson over the years in meetings in his studio; these photo sessions between the artists and longtime friends were free and experimental, contemplating the natural change, vivacity and flexibility of the human body.

 

The artist Bianca Turner is present in the show with three works. The video Encobrimento [Concealment], located in the cellar of the house, in its basement, narrates a Babylonian myth by Pherecydes de Syros about the wedding ceremony between Heaven and Earth, superimposing cartographies from the period of Portuguese colonization in Amerindian lands, in which the process of territorialization is perceived as a principle and an action linked to patriarchy, and the appropriation of the Earth related to male domination over the female body, silencing its original nature and renaming its surface through impositions. The same cartographic research resulted in the work Ecos [Echoes], carried out in partnership with the South African artist Neo Muyanga, an unprecedented audiovisual installation that concludes the exhibition at the end of the gallery pavilion (I wrote a separate text for this work, which can be found next to it). Still in the pavilion, the work Palingenesia – a word that comes from the Greek palin (many) and genesis (birth) – alludes to the idea of ​​reincarnation; composed of a carousel of empty slides that project only light onto the wall in a continuous rhythm, simultaneous to a second projection that overlaps the illuminated frame with the image of a human heart beating which can be seen in the transitions from one slide to another. The amplified sound of heartbeats reinforces the force of nature inside our bodies.

 

Selva de Carvalho is the third “fairy” in this history… none of the artist’s works have ever been exhibited before, including the installation Lacraia é Fogo [Lacraia is fire], which refers to the cycles of life, specially designed for Burle Marx’s garden at the center of the gallery, in which the lacraia [scolopendra] made of fabric and ceramics meanders throughout the space, among the plants and the ceiling, in a direct dialogue with the architecture and nature of the place. In the entrance hall, we see Medula de Medusa [Medusa’s marrow], a sequence of fabric sculptures with drawings and embroidery, pierced by a suspended wooden filament, fixed to the ceiling, forming an installation of floating bodies. The “spinal cord” symbolizes the resistance, adaptations and metamorphoses of bodies in nature. In the back garden, between the house and the pavilion, another set of sculptures by the artist permeates the ground: Éramos Palmeira [We Were Palm Tree] is formed by six bodies of palm leaves and cotton fabric stuck directly into the ground, an installation that counterbalances Medula de Medusa in its non-linear presentation and terrestrial fixation. Finally, the work Corpo Chora Coral [Body Cries Coral], a coral made of fabric with paper, embroidery and drawings, on the wall opposite the “luminous heart” by Bianca Turner, establishes a dialogue between the vital organ and the essential organism for marine life.

 

The title of the exhibition refers to the fairies of the tale Sleeping Beauty, which has had several versions over the centuries: the original story from 1634, entitled Sun, Moon and Talia, by Giambattista Basile, was the basis for the classic version by Charles Perrault, dating 1697, in which there are seven fairies and the ending is not exactly what we tell today: there is a second part after the royal wedding. In the renowned Brothers Grimm version of 1812, there are twelve fairies and the ending is shortened; Tchaikovsky's adaptation for the ballet in 1890 transfers the name from the princess's daughter to herself, who was hitherto unnamed; the Disney film version, from 1959, keeps the princess as Aurora and reduces the number of fairies to three, now named, in portuguese, Flora, Fauna and Primavera (or in english “Merryweather”, which means a person with a cheerful personality, energy and disposition). In the latter, possibly the best known version today, the three fairy godmothers give the princess presents on her christening day and are then responsible for accompanying, educating and protecting her throughout childhood and adolescence. So let's take a literal look at how this sentence works: Flora, Fauna and Primavera are Aurora's protectors. Let us now interpret together, beyond the context of the children's story, using the scientific meaning of the words we learned in biology class: Flora (the set and diversity of plants in a region), Fauna (the set and diversity of animals in a region) and Primavera (meaning Spring in portuguese, the season of the year that follows winter and precedes summer, from the Latin primo vere = first summer, responsible for altering the behavior of plants and animals due to climate change favorable to flowering and reproduction), are the protectors of Aurora (sunrise, daybreak). Finalizing the analogy between science and literature: fairies are not only responsible for a single person, they also become the protectors of tomorrow. But who will protect the fairies?

 

If a simple tale has gone through so many transformations over the years, why can't we also change the narrative of our own stories like “Earthmanity”? What movements should we make as singular and collective bodies to prosper as a single, healthy and sustainable body? Philosopher Félix Guattari, in his essay The Three Ecologies (1989), says that “a recomposition of social and individual practices will take place that I group according to three complementary rubrics – social ecology, mental ecology and environmental ecology – under the ethical-aesthetic umbrella of an ecosophy.” Summarizing the thought of the French intellectual in a simple and largely shallow way, we can say that changes in social behavior and human thought are necessary for us to reassess environmental issues and move forward in a more balanced way as a society in the 21st century, that is, the relationships we establish with nature pass unavoidably through the relationships we develop as human beings: the search for a harmonious co-existance with the environment is directly linked to the contemporary socio-economic and cultural structure that is deteriorating at every passing moment. There is no fairy godmother who can give us a happy ending if we don't redirect our story. Once upon a time we were, and hopefully, we will be yet again.


 

Author's Note: On October 1, 2022, the artists Analivia Cordeiro and Selva de Carvalho, with the special participation of Gissauro, held performances at the gallery inspired by the works “Guerrilha Artística” [Artistic Guerrilla] and “Sítio Encantado” [Enchanted Site], both by Decio Pignatari and voiced by Walter Silveira, and completed the presentation with improvisations around the work “Medula de Medusa”, by Selva de Carvalho.

"fauna, flora e primavera"

luciana brito Galeria, são paulo, 2022

fotos [photos]: Fernando Mota

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